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Você já ouviu falar no parâmetro LGD? Entenda a importância do conceito para uma gestão eficiente no contas a receber!

Você já ouviu falar no parâmetro LGD? Entenda a importância do conceito para uma gestão eficiente no contas a receber!

Ao avaliar a gestão financeira da empresa, é comum utilizar diferentes parâmetros e indicadores. No entanto, nem sempre as companhias conhecem as ferramentas que podem ser utilizadas para isso. O parâmetro LGD, por exemplo, é um conceito essencial, mas que pode não ser bem entendido e observado pelas empresas.

Isso acontece por falta de conhecimento sobre a sua ‘mecânica’ ou, até mesmo, da possibilidade de aplicá-lo na empresa. Portanto, vale a pena se aprofundar a respeito do assunto para construir uma gestão mais eficiente.

O que é LGD?

O termo LGD se refere a Loss Given Default (LGD) — ou perda dada à inadimplência, em português. Muitas vezes referenciada apenas como a taxa de default, ela se refere ao valor efetivamente perdido na operação pelo descumprimento contratual permanente por parte do devedor.

Logo, o valor efetivamente perdido pela inadimplência (LGD) tende a ser uma fração do valor total do contrato, de outra forma, uma fração da exposição financeira do credor naquele contrato (aqui formalizamos outro parâmetro, a fração da exposição é chamada EAD – exposure at default).

Vamos exemplificar: Imaginem um contrato com valor de face de $ 10.000,00. No momento da contratação a exposição (EAD) é exatamente de $ 10.000,00. A exposição vai diminuindo à medida que parcelas são pagas. Quando um cliente para de efetuar pagamentos por enfrentar dificuldades financeiras, o credor/empresa inicia o processo de cobrança, que tende a oferecer condições mais favoráveis ao longo do tempo de atraso, como descontos e abatimentos que incentivam novos pagamentos, mesmo que parciais. Além do processo de cobrança, podem haver garantias e mitigadores de risco de crédito que reduzem a perda financeira naquele contrato quando realizadas. Portanto, a perda financeira final tende a ser menor do que o valor total no momento em que o cliente iniciou o atraso nos pagamentos.

A LGD é, então, resultado líquido da perda após os resultados obtidos pela recuperação de crédito e eventuais garantias e mitigadores.

Ocorre que os detalhes sobre a sua aplicação, como o prazo para considerar o default, devem respeitar os parâmetros estabelecidos nas normas contábeis gerais (IFRS) e, para o mercado financeiro, definidas pelo Banco Central do Brasil (exemplo do plano de contas COSIF e a ICMN 2.682/99)

É importante saber que ele não engloba apenas o valor não pago pelo cliente. Refere-se também aos diversos custos envolvidos no processo. São eles:

  • perda do principal, referente à venda do produto ou serviço;
  • perda ligada ao custo de oportunidade e empréstimos não pagos;
  • perdas em despesas relativas à recuperação de crédito — cobranças, honorários, notificações etc.

A fórmula considera a divisão entre o saldo do default, subtraídos os recebimentos e os custos da operação, e o próprio saldo do default. Mas também podem existir variações no cálculo, conforme o tipo de abordagem escolhida.

O conceito é amplamente aplicado nas instituições financeiras, inclusive por normas estabelecidas em acordos internacionais, como o Acordo de Basileia. Entretanto, ele também pode ser aplicado às empresas em geral, tendo em vista que é comum que exista a concessão de crédito e o risco de inadimplência na gestão de contas a receber.

Sendo assim, ao apresentar uma projeção sobre as perdas financeiras da empresa, ele consegue trazer informações para embasar os planejamentos. A partir dele, os setores também podem reavaliar estratégias e buscar medidas mais efetivas relacionadas à concessão de crédito e cobrança.

Qual a importância do LGD para grandes e médias empresas?

Depois de conhecer o conceito, fica fácil entender porque ele é importante. Quem trabalha com a concessão de crédito (podendo ser crédito comercial ou crédito financeiro) assume riscos. Por isso, é preciso implementar processos bem estruturados para análise de clientes e acompanhamento de contratos.

O motivo para isso é que a falta de pagamento dos clientes consegue trazer diversas consequências negativas para o negócio. Em um primeiro momento, pode ser que os impactos sejam sentidos apenas na hora de apurar os lucros.

Porém, se a empresa não estiver com uma ótima saúde financeira, com o passar do tempo, a situação se agrava. Afinal, quando a inadimplência de clientes é elevada, a companhia pode ter dificuldades financeiras.

Atraso em cumprimento de obrigações, acúmulo de juros, impossibilidade de fazer novos investimentos são apenas alguns exemplos. No entanto, é certo que se o problema não for solucionado, a continuidade do negócio pode ficar em risco.

Quais efeitos o parâmetro LGD traz para a gestão financeira?

Entendendo o conceito e sua importância, é possível visualizar os seus impactos para a gestão financeira. Porém, ao analisar o indicador, nem sempre as empresas entendem o que ele significa. Então é importante conhecer como o LGD pode ser aplicado e como interpretá-lo.

Veja só!

LGD alto

Se o LGD da empresa é alto, significa que em eventos de não pagamento (default) o valores perdidos serão elevados em relação a exposição financeira.

LGD baixo

Se o LGD da empresa é baixo, significa que em eventos de não pagamento (default) o valores perdidos serão baixos em relação a exposição financeira.

A LGD é, portanto, o reflexo da eficiência do processo de cobrança da empresa e gestão de garantias e mitigadores de risco de crédito, e também sensibiliza a necessidade de provisão para devedores duvidosos (PDD). Afinal, ao multiplicarmos a exposição financeira no cliente (EAD) com a probabilidade de default do cliente (PD) e com a perda dada a inadimplência (LGD), temos exatamente o valor da perda esperada na operação, que deve ser usada na definição da PDD.

Entenda melhor pela fórmula: Perda Esperada na operação ou PE = EAD * PD * LGD

A PDD é obrigatória pelas normas internacionais de contabilidade, fazendo parte das demonstrações financeiras e contábeis da empresa. Contudo, quando ela se torna muito elevada, é preciso destinar uma parcela grande de valores para cobrir as perdas. Logo, há redução nos lucros.

Portanto, conseguir manter o indicador LGD em níveis mais baixos permite que a empresa tenha uma gestão financeira mais tranquila. Ao mesmo tempo, isso potencializa o lucro e demonstra a diminuição da inadimplência.

Como ele se relaciona com a gestão eficiente do contas a receber?

O LGD é um parâmetro utilizado para a gestão de risco de crédito. Logo, ele está ligado ao setor de contas a receber. O motivo é simples: o setor é o responsável por acompanhar os recebíveis, identificar eventuais pendências e aplicar as medidas de cobrança previstas.

Dessa maneira, a análise do indicador leva robustez às práticas de gestão no departamento de contas a receber. Primeiro, é importante repensar o processo de comunicação e cobrança de clientes, visando reduzir as chances de não pagamento. Essa é uma prática importante para o gerenciamento de risco.

Depois, considere que as perdas que se consolidaram podem ser resultado de ineficiência das medidas de recuperação de crédito. Nesse caso, é importante rever a régua de cobrança, os canais utilizados, as ações da equipe e outras práticas do setor.

O objetivo é entender quais são os gargalos e pontos que devem ser trabalhados para, então, desenvolver as melhorias. Dessa forma, quando a empresa conseguir ter um processo de cobrança mais eficiente, menor será as perdas financeiras.

Conhecendo o LGD, médias e grandes empresas conseguem ampliar os indicadores utilizados e manter uma avaliação dos seus resultados de maneira mais próxima. Aqui, é importante contar com uma plataforma adequada para coletar e tratar todos os dados. Assim, é possível obter indicadores que ajudarão a implementar melhores estratégias.

Quer otimizar a rotina do contas a receber? Veja como o uso estratégia dos status dos clientes pode tornar o setor mais estratégico!

Palavras-chave secundárias/tags: Loss Given Default, empréstimos com garantia, contas a receber, capital econômico, demonstrações financeiras, instituições financeiras, processo de cobrança, gestão eficiente, gerenciamento de risco, risco de crédito